Diabetes

 

   

 

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, mais de 251 milhões de pessoas são diabéticas em todo o mundo, no Brasil são mais de 10 milhões de pessoas diagnosticadas. Cerca de 40% a 50% dos portadores de diabetes desconhecem a existência da doença.

O número de pessoas diabéticas vem aumentando diariamente, assim como os custos envolvidos no controle e no tratamento das complicações. Existem vários fatores que contribuem para o aumento desse índice, tais como: maior taxa de urbanização, aumento da expectativa de vida, industrialização, dietas hipercalóricas e ricas em hidratos de carbono de absorção rápida, deslocamento da população para zonas urbanas, mudança nos estilos de vida (de tradicionais para modernos), inatividade física e obesidade, também sendo necessário considerar a maior sobrevida da pessoa diabética.

O Diabetes Melito (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, que se dá em razão da falta de insulina ou da incapacidade da insulina exercer, adequadamente, seus efeitos no organismo. Tal doença se caracteriza por hiperglicemia (excesso de glicose sanguínea) crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas. Em longo prazo, verifica-se a disfunção e falência de vários órgãos por lesão, especialmente, em vasos sanguíneos e nervos.

O quadro clínico do diabetes é bem diversificado, dependendo da abrangência e da gravidade das complicações clínicas, como insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular. O DM é a mais importante patologia que envolve o pâncreas endócrino, sendo uma das causas com maior incidência de morbidade e mortalidade na população adulta brasileira.

O pâncreas endócrino é o responsável pela elaboração e secreção dos hormônios insulina e glucagon para o sangue, reunidos em estruturas denominadas ilhotas de Langerhans, cujas células beta secretam a insulina e as células alfa secretam o glucagon. Os hormônios produzidos nas ilhotas de Langerhans caem diretamente nos vasos sanguíneos pancreáticos.

A molécula de insulina é uma proteína formada por duas cadeias interligadas de aminoácidos, não tendo ação quando administrada por via oral. Os efeitos da insulina consistem em reduzir os níveis sanguíneos de glicose, ácidos graxos e aminoácidos, bem como estimular a conversão destes para compostos de armazenamento, que são o glicogênio, os triglicerídeos e as proteínas.


Tipos de DM mais frequentes

Diabetes tipo 1, denominada, também, de diabetes juvenil ou diabetes insulinodependentes é uma doença crônica caracterizada pela destruição parcial ou total das células beta das ilhotas de Langerhans pancreáticas, resultando na incapacidade progressiva em produzir insulina.

Esse processo pode levar meses ou anos, mas só aparece, clinicamente, quando ocorrida a destruição de, pelo menos, 80% da massa de ilhotas. Ha inúmeros fatores genéticos e ambientais que contribuem para que haja ativação imunológica, desencadeando esse processo destrutivo.

Os indícios do diabetes tipo 1 geralmente desenvolvem-se em um período curto de tempo, principalmente em crianças e adolescentes. Já nos adultos, na maioria das vezes, a doença propaga-se lentamente e de forma progressiva, embora a destruição das células beta possa começar anos antes.

Os sintomas do diabetes tipo 1 são boca seca e intensa sensação de sede, urina em excesso, sensação de fome em demasia, apesar disso, o paciente sofre considerável perda de peso. O tratamento da doença consiste na aplicação diária de insulina, que dependerá do nível de glicose no sangue, em uma dieta adequada e balanceada, além da prática de exercícios físicos.

O tipo 2 é o que mais acomete pacientes, atingindo entre 90% e 95% das pessoas com a referida enfermidade. Essa forma de diabetes é frequentemente associada ao envelhecimento, à obesidade (aproximadamente, 80% das pessoas com diabetes tipo 2 está acima do peso), ao histórico familiar e de diabetes gestacional prévio, bem como ao sedentarismo.

Mesmo com o diagnóstico de diabetes tipo 2, o pâncreas continua realizando a produção de insulina que o corpo necessita, porém, por fatores ainda desconhecidos, o corpo não consegue utilizar a insulina de modo eficiente, esse processo é chamado de resistência à insulina.

Depois de muitos anos acometido pelo diabetes tipo 2, a produção de insulina pelo organismo diminui e o resultado é o mesmo do diabetes tipo 1. A glicose acumula-se no sangue e o corpo não consegue fazer uso eficiente da sua principal fonte de combustível.

Os sintomas da diabetes tipo 2 desenvolvem-se gradualmente e podem incluir fadiga, sede, fome constante, em contraponto à perda de peso, visão turva, cicatrização lenta de feridas, bem como o ato de urinar frequentemente. Contudo, algumas pessoas não apresentam sintomas, sendo assim, o tratamento é realizado com dieta e exercício físico. Já, em outros casos, o paciente necessita de medicamentos orais e, por fim, a combinação destes com a insulina.

Constata-se, ainda, o diabetes gestacional, que é associado tanto à resistência à insulina quanto à diminuição da função das células beta. Essa doença, geralmente, resolve-se no período pós-parto, retornando anos depois. Em grande parte dos casos, seu diagnóstico é controverso.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda detectar o diabetes gestacional com os mesmos procedimentos de diagnóstico empregados quando não há gravidez. Dessa forma, devem ser considerados valores referidos fora da gestação como indicativos de diabetes ou de tolerância à glicose diminuída. Nesse sentido, inicialmente, o tratamento será com dieta e, caso a doença não fique controlada, o médico deverá prescrever o uso da insulina.

O Diabetes Mellitus é uma doença crônica, sem cura e sua ênfase médica deve ser necessariamente em evitar/administrar possíveis problemas relacionados ao diabetes, a longo ou curto prazo. O paciente deve se conscientizar, se reeducar, bem como realizar mudanças no estilo de vida, na alimentação, além de praticar atividade física, monitorar os niveis de glicose, hemoglobina glicada e realizar corretamente o uso dos medicamentos. Tais prescrições são fundamentais para que sejam alcançados os objetivos, resultando no sucesso do tratamento.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Diabete Mellitus. 1ed. n.16, 2006. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/abcad16.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2011.

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